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Dois Homens Beta: um é lingrinhas, o outro parece Alfa. |
Como é um filme (e vá lá, já tenho visto coisas mais improváveis na vida real) apesar de todos os contras o parzinho aparentemente mal arranjado lá se entende; mas antes disso - face aos contínuos complexos de inferioridade do rapaz- ela acaba por confessar que inicialmente se interessou por ele por o saber "inofensivo". Ou seja, como é menos atraente do que ela, dificilmente teria capacidade para a magoar. Um exemplo da velha dinâmica de poder do "elo mais forte" numa relação: supostamente, dizem os entendidos na matéria, na maioria dos casos há um elemento que se importa mais, que tem mais medo de perder o outro.
E é um facto que muitas mulheres, com medo de saírem magoadas, caem no erro de se relacionar com um homem de quem não gostam assim muito e/ou que lhes parece de alguma maneira menos bonito e/ou socialmente poderoso, por uma questão de segurança emocional. Acham - não raro, de forma inconsciente - que um namorado que se sinta sortudo por elas olharem sequer para ele fará tudo para manter o que conseguiu. Claro que isso quase sempre corre mal: porque é difícil respeitar quem não se admira, porque ninguém gosta de um capacho e em última análise, porque às vezes as pessoas mais inofensivas e coitadinhas são as piores (veja-se um caso típico).
Mas o que interessa para aqui é o motivo que levou a heroína a isso: é que o ex namorado - alto, bem parecido, confiante a beirar o egocêntrico, super bem sucedido e aparentemente um Homem Alfa - era igualmente inseguro. Colocava-a num pedestal e esperava uma perfeição que ela dificilmente conseguiria cumprir (pois "perfeita" aos olhos dele ou não, era uma mulher como as outras); sentia-se constantemente ameaçado e como que para compensar isso, acabou por a trair com outra, num reflexo "vou ser infiel antes que tu o faças".
Embora qualquer mulher sonhe ser adorada, um pedestal é um lugar exagerado e ingrato; conheço poucas que estando nessa posição sejam muito felizes, porque num ídolo colocam-se expectativas irrealistas misturadas ao constante receio da perda, do engano ou da desilusão. Mesmo quando o homem em causa parece ter todos os sinais do Alfa (estatura, beleza, posição) e que não lhe seja dada causa para insegurança, se houver dentro dele algum traço de fraqueza, essas desconfianças podem surgir. Dizem os especialistas que essa é a causa de alguns cavalheiros bem parecidos preferirem mulheres mais apagadas, enquanto outros, fracas figuras, se ufanam de passear mulheres troféu...
É preciso uma hombridade de ferro para adorar alguém que se admira muito, saber ser amado de volta e lidar com isso sem desconfianças, hiper vigilância e paranóia. Prova provada de que a auto confiança é muitas vezes a chave de todos os mistérios...