Pensem em Gucci para HOMEM: não sei quanto a vós, mas ocorrem-me imediatamente à ideia fatos italianos primorosamente cortados e coisas assim. Ora bolas, até o guarda roupa do Ben-Affleck/Bruce Wayne é Gucci no filme em que o Batman e o Super-Homem se travam de razões.
Por isso fiquei espantada ao ver estes acessórios para homem....
E estas toilettes (glups) "para eles" :
Nos anos 1970 houve o muito mau (as grandes lapelas, o poliéster, as suiças, rapazes de botas de salto alto e coisas piores) mas também uma abordagem fresca aos clássicos, um regresso ao natural, ao boémio, aos cabelos compridos q.b. (que pessoalmente, acho lindos) e, falando em termos de estética, o corpo de bailarino que é bonito. Basta ver filmes do tempo como Love Story, Hair, The way we were ou Jesus Christ Superstar. A década tem má reputação, mas recuperar alguns dos seus elementos não é necessariamente péssimo.
Depois, um homem másculo não deixa de o ser por lhe apetecer pôr uma camisa/casaco cor de rosa, um padrão mais fofinho numa gravata ou coisa que se pareça. Não é por uma peça em si mesma ou um elemento extravagante que uma toilette deixa de ser "de homem".
E em última análise, o público gay nunca foi de desprezar para as marcas. Sem falar naqueles que, tão hetero como se pode, têm figura e pinta para evocar um David Bowie nos seus tempos de glam rock. Vai da presença de cada um. Compreende-se que a cada estação haja sempre a presença de peças mais ousadas, irreverentes, fantasiosas.
Mas quando se exagera, quando uma colecção inteira (ou 90% da colecção, vá) obedece a essa ideia, a história é outra. Já me parece puxar um bocadinho pela efeminização obrigatória a que se tem assistido quer em comportamentos e ideias, quer em filmes.
Do filho de Will Smith a usar saias e vestidos (tanto por sua cabeça, como para a Louis Vuitton) a colecções "gender free" (como se roupa unissexo fosse agora grande novidade) parece que querem por força impor o borrowed from the girls. Isto não seria incomodativo se se tratasse só de arte, de estética. O que me faz espécie é a afirmação política por trás da ideia. Digam o que disserem, a masculinidade faz falta. Precisamos dela nas referências, nas imagens, no que se transmite às pessoas todos os dias, nos valores que permitem o equilíbrio da sociedade.
E não sei quanto a vós, mas passear-me por aí com um cavalheiro mais florido e colorido do que eu não faz as minhas delícias. Mas se calhar estou em minoria, já não digo nada.